Legal Design em departamentos jurídicos. Por que e como aplicar?

De acordo com o Google Trends, o termo "Legal Design" começou a ser pesquisado nos mecanismos de busca em março de 2017. Em março de 2020, houve um grande aumento nas buscas, justamente quando a pandemia se instaurou.

Podemos perceber que de lá para cá, as buscas diminuíram, e depois oscilaram, mas o ápice aumentou em relação ao passado. Essa análise levanta uma hipótese de amadurecimento de mercado e descoberta de aplicações práticas.

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Supomos que, por conta do trabalho de home office compulsório, o mundo jurídico passou a prestar mais atenção aos assuntos relacionados à inovação. Se controlar equipes, processos e fluxos de trabalho já era um desafio presencialmente, de maneira remota o desafio se tornou maior.

Os tomadores de decisão tiveram que ajustar a mentalidade tradicional para superar estas questões, e até mesmo o design, área de conhecimento dos "criativos" passou a ser cogitado.

Esse movimento pode ser visto tanto em escritórios quanto em departamento jurídicos, que inclusive contam com profissionais de design na equipe.

No entanto, algumas questões surgem:

- Qual o retorno de um investimento numa consultoria de Legal Design?

- Como pode ajudar a melhorar a performance do departamento?

- Quanto irão economizar ou retornar para meu departamento?

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O ROI do UX

Para ajudar os gestores, o melhor caminho é mostrar o retorno sobre o investimento em Experiência do Usuário. Experiência do usuário nada mais é do que o estudo e a busca da compreensão de quais os meios mais adequados para se chegar a uma solução que envolve a experiência de usuários com um produto e/ou serviço.

De acordo com Jabok Nielsen, fundador do Norman Nielsen Group, empresa de consultoria referência em Design de UX, estes termos sofreram uma verdadeira inflação vocabular. Isto é, passou-se a usar muitos termos diferentes para designar a mesma área do conhecimento. Assim, não se surpreenda quando ouvir outros termos para falar sobre Direito e Design. É muito comum criar novos termos para gerar argumentos de vendas e atrair atenção de possíveis clientes.‍

Exemplos

Vamos aos exemplos de como o Design pode gerar valor para um departamento jurídico. Nesse artigo, do mesmo grupo, fica muito claro que o ROI às vezes não pode ser medido monetariamente. Suponha-se que um escritório faça um estudo de Branding para reposicionar sua marca e ganhar um diferencial competitivo.

Como medir isto? É humanamente impossível saber o que a mudança de posicionamento causou na mente dos clientes. Por outro lado, podemos medir quantas pessoas passaram a acessar o site do escritório e se a taxa de conversão aumentou.

Essa comparação apenas seria possível se, por ventura, o cliente tivesse já um monitoramento do tráfego do seu site.

Um caso em que seria possível medir o retorno de maneira rápida, porém não tão precisa (fato não tão relevante e até mesmo impossível, por conta de inúmeras variáveis envolvidas) seria na contratação de uma consultoria para criação da jornada do usuário num escritório de modo a extrair possíveis melhorias no fluxo de trabalho.

Suponhamos que de acordo com esta consultoria, há 2 sistemas distintos para fazer a gestão de tarefas, comunicação com clientes e gestão de processos judiciais. Suponhamos que a empresa contratante use O CRM (Customer Relationship Management - voltado para marketing e vendas) e o ERP (Enterprise Resource Planning - com foco em gestão de ativos empresariais e fluxos de trabalho).

O relatório propõe a criação de um sistema integrado de gestão e atendimento, a partir de APIs (comunicação máquina a máquina) de softwares já existentes e ainda destrincha todas as ações envolvidas pelas equipes em job stories. Como medir o ROI desse trabalho?

Em primeiro lugar, quando a integração estiver pronta, é possível comparar o número de horas economizadas por trabalhador e a partir daí verificar quanto de fato isso geraria de economia em um ano.

Outro retorno também é o relativo a economia com a integração dos softwares. Isto porque, além de não ter sido necessário criar um do zero, o trabalho chegou para os desenvolvedores com todos os requisitos, que também gerou economia com este serviço.

Para calcular, basta enviar uma proposta para uma software house apenas com a ideia de integrar diversos sistemas. Veja quando iriam te cobrar, e quanto cobraram após os relatórios de UX.

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E como um departamento jurídico pode se beneficiar do Legal Design?

Ao conversar com departamentos jurídicos mundo afora, há uma grande percepção de que o jurídico é um empecilho para o negócio. Muitas vezes outras áreas de equipe "escondem o jogo" para que a equipe jurídica não crie empecilhos para uma inovação.

De modo a encontrar os pontos de dor do jurídico, bem como a maneira que ele pode ser tornar "business partner", é interessante realizar uma pesquisa com todos colaboradores do jurídico e outras equipes. É uma espécie de serviço de descoberta, pois durante pesquisas quantitativas e qualitativas, há argumentos e evidências de sobra para encontrar os principais gargalos e posteriormente endereçar soluções.

Estas pesquisas abrangem diversas dinâmicas de pesquisa de UX como por exemplo: mapa da empatia, jornada do usuário, "how might we?", "crazy 8", dentre muitas outras. Na Future Law nós somos adeptos do processo de Design chamado Design Sprint que nos auxilia a traçar esta jornada rumo a descobertas de oportunidades de inovação e a tentativa rápida de resolução desses problemas.

Muitas vezes, por exemplo, descobre-se que outros setores não tem visibilidade sobre a dificuldade do trabalho jurídico e também sobre o avanço deste. Uma solução que traga esta transparência, por exemplo, já poderia gerar muito valor.

Assim, aplicar processos de Design para descobrir oportunidades de inovação gera, sem dúvidas, valor para os departamentos jurídicos.

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